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sábado, 14 de março de 2015

[segurança] Tensão: Em apenas três dias, RN já enfrenta a quarta rebelião consecutiva de detentos

Foto: José Aldenir
A Secretaria de Justiça e Cidadania do Rio Grande do Norte criou um gabinete de crise, em alerta devido aos motins deflagrados nos presídios do Estado desde a última quarta-feira (11). Foram pelo menos quatro atos em três unidades. Os diretores do Centro de Detenção Provisória estão apreensivos. Segundo os presos do Presídio Provisório Raimundo Nonato, que se rebelaram mais uma vez na manhã de ontem (13), a ordem vem do “sindicato do crime do Rio Grande do Norte”, cujo comando fica em na Penitenciária de Alcaçuz – a maior do estado – localizada em Nísia Floresta, na região metropolitana de Natal.

O secretário de Justiça e Cidadania, Zaidem Heronildes, passou a manhã em reunião para tentar resolver o problema e não concedeu entrevistas. “Ontem já estivemos com o governador para tomarmos algumas decisões. A situação está se espalhando pelo Estado e peço a compreensão porque estamos concentrados agora na resolução desse problema”, disse por telefone.

Apesar de não haver confirmações oficiais, os agentes afirmam que os detentos receberam ordens. O diretor do Raimundo Nonato, Eider Pereira de Brito, contou que essa foi a razão apresentada pelos detentos do Pavilhão A da unidade para o motim realizado na manhã de hoje. “Eles disseram que veio do comando que fica em Alcaçuz”, disse. Questionado qual seria a organização criminosa por trás da ação, ele contou que os presos a atribuíram ao “Sindicato do RN”.

Na manhã de ontem os presos do Presídio Provisório Raimundo Nonato retomaram uma rebelião que haviam começado ontem. De acordo com o diretor da unidade, apesar de apenas um pavilhão, o “A”, ter feito o motim, a violência dos apenados foi muito maior. “São 171 presos. Eles terminaram de quebrar as grades que não tinham sido quebradas ontem. Também quebraram as camas (de concreto) e ficaram jogando pedras contra os agentes. Uma por pouco não atingiu meu rosto”, explicou Eider. Os presos também atearam fogo nos colchões e bloquearam a entrada com grades.

Eles ainda tentaram fugir usando uma “teresa” – corda feita com panos – mas a ação foi abortada pelos agentes. “Nós estávamos tentando negociar e eles pediram um tempo para discutir. Mas os agentes viram que eles jogaram uma teresa. Como ele não nos atenderam e ainda tentaram fugir, autorizei a entrada do GEP [Grupo de Escolta Penitenciária] e retomamos a ordem”, contou o diretor. Ninguém ficou ferido.

Segundo o diretor do GEP, o agente Luciano Lins, o grupo formado por 30 agentes tem trabalhado desde a última quarta na contenção dos motins. Ele ainda revelou que informações preliminares, ainda não confirmadas, dariam conta de que presídios no interior do Estado. “Os diretores e todos os CDP’s (Centros de Detenção Provisória) estão apreensivos”, relatou.

Primeira reação do governo é afastar diretores de presídios

A única decisão do Governo externada até o momento é controversa. O Diário Oficial trouxe a exoneração do diretor da PEP, Durval de Oliveira Franco. No meio da manhã, o Sindicato dos Agentes Penitenciários enviou nota contra a exoneração da diretora Dinorá Simas e do Presídio Rogério Coutinho Madruga, Júnior Rossato. Os diretores teriam sido informados da decisão da Sejuc durante a manhã, porém ainda não houve publicação oficial.

Dinorá lamentou o fato e disse que não vai negociar com presos. Na nota enviada pelo sindicato, os agentes afirmam que “a medida abre um precedente e pode comprometer a segurança nas unidades prisionais”. Além disso, “os agentes penitenciários estão se sentindo abandonados e traídos pelo Governo do Estado, pois têm feito todo esforço possível para manter a ordem no Sistema Penitenciário e, ao invés de receberem valorização e apoio, veem o Estado atender ao que pedem os presos”.

“Nada foi oferecido pelo Governo para que nós desenvolvêssemos nosso trabalho da maneira correta, bem como em nenhum momento os diretos humano foram até o servidores para saber de suas necessidades e de como é estar sob o risco de morte a todo momento, dentro de uma penitenciária”, disse na nota.
Fonte: Jornal de Hoje

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