Encerra-se nesta semana a CPI da Petrobras. Paradoxalmente, a comissão extraiu do seu maior fiasco seu único feito. Há seis meses, a CPI serviu de palco para um “depoimento espontâneo” de Eduardo Cunha. Nele, o presidente da Câmara fez pose de vítima de um complô do governo e da Procuradoria da República. Foi elogiado por governistas e oposicionistas. Mas pronunciou a frase que pode lhe custar o mandato parlamentar.
Em resposta a uma das poucas perguntas que lhe dirigiram, Cunha declarou: “Não tenho qualquer tipo de conta em qualquer lugar que não seja a conta que está declarada no meu Imposto de Renda. E não recebi qualquer vantagem ilícita ou qualquer vantagem com relação a qualquer natureza vinda desse processo.” Hoje, sabe-se que Cunha mantém uma relação cenográfica com a verdade. Possuía não uma, mas quatro contas secretas na Suíça. Sabe-se também que tais contas escondiam dinheiro roubado da Petrobras.
Afora a auto-desmoralização de Cunha, que lhe caiu no colo, a CPI dedicou-se com sucesso a dois objetivos. Num, forçou portas que a força-tarefa da Lava Jato já tinha arrombado. Noutro, absteve-se de convocar os 35 congressistas suspeitos de receber petropropinas, acendendo o forno que assa o instituto da investigação parlamentar. A CPI deve votar até quinta-feira um relatório inútil, sem sugestões de indiciamento de NINGUÉM.
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