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quinta-feira, 9 de abril de 2015

[saúde] Inca recomenda redução do uso de agrotóxicos para prevenir câncer

O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) manifestou-se ontem (8) contra o modo como os agrotóxicos são utilizados no Brasil e recomendou a redução do uso desses produtos. Em um documento de cinco páginas, o instituto ressaltou os riscos dessas substâncias para a saúde e para a incidência de câncer.

"O modelo de cultivo com o intensivo uso de agrotóxicos gera malefícios, como poluição ambiental e intoxicação de trabalhadores e da população em geral", diz o documento, que, além de apontar as intoxicações causadas imediatamente após a exposição [ao produto], enumera efeitos que aparecem após anos de exposição. "Dentre os efeitos associados à exposição crônica a ingredientes ativos agrotóxicos podem ser citados infertilidade, impotência, abortos, malformações, neurotoxicidade, desregulação hormonal, efeitos sobre o sistema imunológico e câncer."

A recomendação do instituto é que se adote "a redução progressiva e sustentada do uso de agrotóxicos", prevista no Programa Nacional de Redução de do Uso de Agrotóxicos e a produção agroecológica, segundo a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica.

O documento do Inca explica que a presença de agrotóxicos não se restringe a produtos in natura, como legumes e verduras, existe também em alimentos industrializados com ingredientes como trigo, milho e soja. "A preocupação com agrotóxicos não pode significar a redução do consumo de frutas, legumes e verduras, que são fundamentais em uma alimentação saudável e de grande importância na prevenção do câncer."

O Brasil é o país para o qual a discussão é mais importante, já que é o principal consumidor de agrotóxicos do mundo e tem forte contribuição da agricultura em sua economia.

A Organização Mundial da Saúde e o Inca prevêem que, em 2020, o câncer se torne a principal causa de morte no Brasil. Os efeitos do aumento do uso de agrotóxicos nos últimos anos devem se refletir em ainda mais casos da doença em 15 ou 20 anos: "Houve uma explosão de pesticidas. Em dez anos, subiu oito vezes e meia o gasto econômico [com agrotóxicos], o que é um indicador disso."

O nutricionista do Inca Fábio Gomes destacou que a população que trabalha no campo é a mais afetada pelos agrotóxicos e disse que o consumidor deve incentivar a economia orgânica. "É preciso valorizar os produtos orgânicos. E também interferir e sugerir aos legisladores e tomadores de decisão para que eles valorizem a produção de alimentos livres de agrotóxicos, inclusive encarecendo a produção dos demais itens."

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