Durante uma temporada, Apodi foi um dos destaques da Chapecoense. E não faz muito tempo. No ano passado, ele atuou 53 vezes pela equipe e marcou quatro gols. Hoje no Sport, recebeu a dura notícia do trágico acidente aéreo com a delegação na Colômbia - que vitimou 71 pessoas e deixou seis feridos - como uma bomba. Ainda na madrugada da terça-feira, era alertado pelo cunhado, que ainda mora na cidade de Chapecó, em Santa Catarina.
- O mundo todo sentiu a perda, foi enorme. Recebi a notícia de madrugada, do meu cunhado, que ainda mora em Chapecó. Eu não acreditei e liguei a televisão, procurei na internet. Até agora, não sei se, inconscientemente, eu não quero acreditar. Eu tinha muitos amigos lá, de verdade.
Apodi relatou o laço de amizade que ainda havia entre ele e várias pessoas que faziam a Chapecoense. O jogador disse que trabalhou com 80% das pessoas que estavam no acidente aéreo e que pensa bastante nos familiares das vítimas.
- Passei uma temporada lá com um grupo sensacional e trabalhei com 80% das pessoas que estavam. Eu tinha amigos e saíamos para jantar com nossas esposas. Os filhos deles me adoravam e eu também. Então, penso em quem ficou, que são os filhos, as esposas, as mães, os pais... Tinham os jogadores e o pessoal da imprensa, os roupeiros, o presidente. O que eu posso falar é para todo mundo ter força. Eu tenho certeza que as pessoas que ficaram vão tentar reconstruir o time, a cidade.
Algumas vítimas eram muito próximas de Apodi e mantinham com ele uma relação de amizade antiga. O meia Gil e o atacante Ananias são os que ele conhecia há mais tempo.
- Perdi meu irmão Gil e Ananias, que eu joguei na base, em 2002 (voz embargada). Gil eu joguei com ele em 2009. (Jogou também com) Thiego e Neto, que graças a Deus ainda está vivo e lutando. Ele é um guerreiro e vai sair dessa. O que eu posso falar é para todo mundo ter força. As famílias também. Eu estou junto com todos e sinto tanto quanto eles.
Apodi revelou ter medo de viajar de avião. E disse que a maioria dos jogadores também compartilha desse sentimento. Também pediu mais qualificação para as pessoas que comandam empresas aéreas e também os profissionais que trabalham nas aeronaves.
- A gente fica chocado. Na verdade, 90% dos jogadores não gostam de andar de avião e sou um deles. Não fazemos isso porque somos obrigados, mas é porque é nosso trabalho, assim como o da imprensa, viver para lá e para cá. As pessoas que são envolvidas nesse quesito de arrumar as viagens têm de estar mais conscientes e qualificadas. Acima de tudo, estão levando pessoas. São erros que não deveriam acontecer.
Apodi ainda disse que pretende ir ao velório coletivo que deve ser realizado no próximo sábado, na Arena Condá. Mais de 100 mil pessoas são esperadas.
- Estou pensando sim (em ir). Mantenho contato com amigos que estão lá e eu estou esperando o desenrolar de tudo para tomar a atitude necessária.
Ainda sem querer acreditar no acidente trágico, Apodi disse que conversou recentemente com vários de seus amigos que defendiam a Chapecoense.
- Eu tinha falado com meus amigos. Claro que falamos mais com alguns e com outros, menos. Falei depois do jogo da classificação para a final, antes do jogo contra o Palmeiras. Até com Gil eu falei e ele disse que ia falar comigo quando chegasse. Tínhamos o grupo do vídeo game.. Eu ainda não quero acreditar que isso aconteceu.
Fonte: Globo Esporte
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