A tragédia que estarreceu o mundo nesta terça-feira (29), com a queda do avião da equipe que transportava a equipe da Chapecoense para a final da Sul-Americana, a primeira que um time de Santa Catarina disputaria, encerra de maneira triste um ciclo vitorioso do time de futebol que galgou quatro séries do campeonato brasileiro em 7 anos.
No último fim de semana, o site especializado em futebol torcedores.com contou um pouco dessa história, de como a Chapecoense saiu de escombros de gestão para o apogeu que vivia:
De uma pequena cidade no interior de Santa Catarina para a final do segundo torneio mais importante do continente. A Chapecoense surpreende a tudo e a todos e possui, nos últimos 7 anos, uma campanha de botar inveja a qualquer time.
Chapecó é uma cidade localizada no oeste de Santa Catarina e possui pouco mais de 200 mil habitantes segundo o senso de 2016 do IBGE. É apenas a 5ª maior população do Estado. Porém, nas últimas semanas, todas as atenções se voltaram para a “Capital do Oeste”. Tudo isso por causa do time de futebol da cidade: a Chapecoense.
Hoje em dia, quem não conhece a Chapecoense? Finalista da Copa Sul-Americana, o alviverde traçou um caminho surpreendente até chegar onde está. Porém, há 5 anos atrás, o time ainda era um desconhecido para muitos. Foi usando de um modelo de gestão inteligente e valorizando a sua região que a Chapecoense conseguiu subir até onde está hoje.
A Associação Chapecoense de futebol foi fundada em 1973 a partir da junção de dois antigos clubes da cidade de Chapecó, o Atlético Chapecó e o Independente. O objetivo era criar uma expressividade do futebol regional em Santa Catarina, pois este era praticamente inexistente.
Foi em 1977 que o alviverde conquistou seu primeiro título: bateu o Avaí na final do catarinense e levou a taça pra casa. O Bicampeonato só viria em 1996, depois de uma grande polêmica. Na noite anterior à final, alguns torcedores da Chape soltaram fogos em frente ao hotel em que o Joinville, adversário da Chape, estava hospedado.
O presidente do Joinville decidiu então não ir a campo, e o árbitro declarou a Chapecoense campeã por W.O. O Joinville recorreu e conseguiu realizar outro jogo no dia 18 de dezembro (inicialmente, o jogo aconteceria em 13 de julho). Mesmo assim, a Chape levou o confronto para a prorrogação e garantiu o seu segundo título na história.
Depois disso, a Chape passou por momentos difíceis. O pior deles em 2001, quando a equipe ficou em último lugar no catarinense e teve de disputar a divisão de acesso no ano seguinte para retornar à elite. Em 2003, para se livrar de sérias dívidas, a Chape mudou o nome para Associação Chapecoense Kindermann/mastervet, mudando sua personalidade jurídica e se aproveitando de uma brecha na legislação brasileira.
Foi em 2005 que tudo mudou. Um grupo de empresários de Chapecó assumiu a direção do clube e começou a mudar a realidade do time. Essa mudança de gestão ajudou o crescimento da Chapecoense pois fez com que a região e o time crescessem juntos.
Em 2007, a Chape conquistou o seu tricampeonato estadual e a consequente classificação para a Copa do Brasil de 2008, onde foi eliminada na 2ª fase. Já em 2009, mesmo desacreditado, o alviverde conquistou o vice-campeonato estadual e disputou a Série D, onde conseguiu o acesso para a Série C de 2010.
Entre 2010 e 2012, a Chape continuou disputando a Série C. No último ano, conseguiu o acesso para a Série B de 2013. A conquista do acesso para a segunda maior divisão do país foi um feito histórico para o time catarinense. Mais histórico ainda foi o surpreendente acesso para a Série A de 2014.
Desde então, a Chapecoense continua firme e forte. São 3 anos seguidos disputando a melhor divisão do país e fazendo boas campanhas recheadas de grandes vitórias contra os maiores times do Brasil. Em 2014, primeiro ano da Chapecoense na Série A, o time goleou o Internacional por 5×0. Em 2015, foi a vez do Palmeiras levar 5 “flechadas” do Índio Condá.
Porém, o ano de 2015 foi histórico para a Chapecoense por outro motivo. Foi o ano em que o time catarinense realizou a sua primeira partida internacional. Foi contra o Libertad do Paraguai, nas oitavas de final da Copa Sul-Americana. O alviverde se impôs e garantiu a classificação. Nas quartas de final, o baque: enfrentariam o todo poderoso River Plate da Argentina.
No jogo de ida no Monumental de Nuñez, o time argentino ganhou por 3×1. Porém, o placar deixou o jogo de volta na Arena Condá mais emocionante. A Chapecoense se impôs e caiu de pés vencendo o confronto por 2×1, com direito a bola na trave no final do jogo.
Mas esse não é o final da história. Em 2016, a Chape conquistou o tetracampeonato estadual e manteve a sua boa campanha no Brasileirão, considerando a sua renda e gastos em comparação com os outros clubes. A surpresa foi, novamente, na Copa Sul-Americana.
O dia 23/11/2016 entrou para a história da Chapecoense como o dia em que o Alviverde conseguiu a sua classificação para a final da Copa Sul-Americana. Em uma campanha histórica, deixando pelo caminho times como Júnior Barranquila (COL), Independiente (ARG) e San Lorenzo (ARG), a Chapecoense garantiu a sua vaga na grande final do segundo maior torneio continental da América do Sul e vai enfrentar o Atlético Nacional, campeão da Libertadores de 2016.
Em apenas 7 anos, a Chapecoense subiu as 4 divisões nacionais e conseguiu ir à final de um grande torneio internacional. Esse desempenho prova que sim, é capaz fazer um bom time com pouco dinheiro a partir de uma gestão inteligente e com os pés no chão. O time de Chapecó é um exemplo para todos os times do interior do Brasil.
Agora, a “Chapeterror” tem a oportunidade de coroar o seu crescimento com um título internacional. Porém, mesmo se não vencer, o time já conseguiu entrar para a história e também para o coração de muitos brasileiros.
Fonte: Postal no Ar
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