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sábado, 9 de maio de 2015

[saúde] Ebola alterou a cor do olho de Médico de azul para verde

Quando recebeu alta do Hospital da Universidade Emory em outubro, após uma luta longa e brutal contra o ebola que quase custou sua vida, a equipe médica do dr. Ian Crozier achou que ele estava curado. Mas, menos de dois meses depois, ele estava de volta ao hospital com perda de visão, dor intensa e pressão crescente no olho esquerdo.

Os resultados dos exames foram assustadores: o interior do olho de Crozier estava repleto de ebola.

Seus médicos ficaram surpresos. Eles consideraram a possibilidade de o vírus ter invadido seu olho, mas realmente não esperavam encontrá-lo. Meses tinham se passado desde que Crozier havia adoecido enquanto trabalhava em uma ala de tratamento do ebola em Serra Leoa como voluntário para a Organização Mundial da Saúde. Quando ele deixou o Emory, seu sangue estava livre do ebola. 

Apesar de o vírus poder persistir no sêmen por meses, acreditava-se que outros fluidos do corpo estivessem limpos após a recuperação do paciente. Quase nada se sabia sobre a habilidade do ebola de se esconder dentro do olho. 

Apesar da infecção dentro do olho, as lágrimas de Crozier e a superfície de seu olho estavam livres do vírus, de modo que ele não oferecia risco para alguém que tivesse contato casual com ele. 

Mais de um ano após a epidemia no oeste da África ter sido reconhecida, os médicos ainda estão aprendendo sobre o curso da doença e seus efeitos duradouros nos sobreviventes. Informação sobre as consequências do ebola eram limitadas porque os surtos anteriores foram pequenos: não mais que poucas centenas de casos, frequentemente com taxas de óbito de 50% a 80%. Mas agora, com pelo menos 10 mil sobreviventes na Guiné, Libéria e Serra Leoa, padrões estão vindo à tona. 

Crozier, 44, chama a si mesmo pesarosamente de exemplo da "síndrome pós-ebola". Além do problema no olho, ele sofre com uma dor debilitante nos músculos e nas juntas, fadiga profunda e perda da audição. Problemas semelhantes estão sendo relatados no oeste da África, mas não está claro quão comuns, severos e persistentes eles são. Há relatos de sobreviventes que ficaram completamente cegos ou surdos, mas são anedóticos e não confirmados. 

Os médicos dizem que problemas nos olhos, por ameaçarem a visão, são a parte mais preocupante da síndrome e que mais urgentemente precisam de atenção. A condição de Crozier, uveíte –uma inflamação perigosa dentro do olho–, também foi diagnosticada em pessoas no oeste da África que sobreviveram ao ebola. 

No auge da epidemia, os trabalhadores de saúde estavam sobrecarregados demais com a doença para se preocuparem com os sobreviventes. Mas, com o passar da epidemia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a colher informação para ajudar aqueles que não se recuperaram plenamente, disse o dr. Daniel Bausch, consultor sênior da OMS e um especialista em doenças infecciosas da Universidade de Tulane. Ele acrescentou que os relatos de problemas nos olhos eram uma preocupação em particular. 

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