Cientistas desenvolveram uma nova e potencialmente revolucionária forma de terapia contra problemas de próstata que poderia um dia beneficiar homens em todo o mundo.
A técnica, que em ensaios realizados em Portugal apresentou resultados parciais de sucesso, se comprovada eficaz, será lançada em breve para uso de rotina no Reino Unido por meio da rede de saúde NHS. A técnica basicamente utiliza contas minúsculas de plástico que bloqueiam o suprimento de sangue no pênis, encolhendo a próstata aumentada sem a necessidade de cirurgia.
Metade de todos os homens britânicos com mais de 50 anos sofre com problemas de próstata aumentada que causa pressões na bexiga e bloqueio da uretra, o que resulta em problemas urinários e, consequentemente, renais. Todos os anos, 45.000 recorrem a cirurgias arriscadas para remover parte do problema. A operação, que além de ser dolorosa e invasiva, em alguns casos, pode causar disfunção sexual e incontinência.
Recentemente, pesquisadores liderados pelo cientista João Martins Pisco, do Hospital St. Louis de Lisboa, confirmaram o desenvolvimento de uma nova técnica menos invasiva que consistia na embolização da artéria prostática. Eles ainda afirmaram a existência de um ensaio em andamento sendo realizado na Grã-Bretanha, com resultados que serão entregues ainda este ano.
No primeiro ensaio, realizado em Portugal com 1.000 homens de meia-idade já apresentou resultados parciais de sucesso. De acordo com Pisco, dentro de cinco anos o método poderá substituir a cirurgia como procedimento padrão. “Esses homens não querem a cirurgia tradicional porque envolve maiores riscos, com possíveis efeitos colaterais sexuais, bem como um tempo de recuperação relativamente longo em comparação com a embolização da artéria prostática, que é geralmente realizada sob anestesia local e em regime ambulatorial”, explicou.
Segundo ele, apenas dois pacientes do ensaio português apresentaram efeitos colaterais clínicos. Realizado sob anestesia local, o procedimento envolve a injeção de centenas de grânulos plásticos de cerca de 0,2 milímetro de diâmetro em uma artéria na virilha. Eles são dirigidos com um tubo fino para os vasos sanguíneos que fluem para a próstata, bloqueando o suprimento de sangue para a glândula aumentada, fazendo-a encolher.
Pisco acrescentou que nove bebês nasceram com a ajuda destes homens que foram capazes de continuar a vida sexual após o tratamento. A equipe registrou uma taxa de sucesso de 89% em seis meses após a cirurgia, 82% em três anos e 78% para além de três anos. Já o experimento da Grã-Bretanha, que está sendo realizado no Southampton General, Guy’s Hospital, de Londres e outras 16 cínicas, liderado pelo médico Dr. Nigel Hacking, também está alimentando as expectativas dos cientistas.
“É muito encorajador”, disse Dr. Hacking. “Estou cauteloso sobre as novas técnicas, mas este procedimento parece promissor e seguro”. Para Louise de Winter, da Fundação de Urologia do Reino Unido, a pesquisa é emocionante. “À medida que a população envelhece, esses problemas vão ficando cada vez mais agudos”.
Fonte: Jornal Ciência
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