O Rio Grande do Norte é o terceiro estado no país com o maior número de denúncias de violação de direitos contra idosos per capita. A posição incômoda no ranking foi retratada nesta segunda-feira (15), data em que é celebrado o Dia Mundial de Combate à Violência contra o Idoso, baseada nos dados do Disque 100 referentes a 2014. O serviço de recebimento de denúncias contra violações de direitos humanos, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
Os números apontam para um total de 250,81 denúncias para cada grupo de 100 mil habitantes. O RN aparece atrás apenas do Distrito Federal (354,73 denúncias/100 mil hab) e Amazonas (297,3 denúncias/100 mil hab). Em números absolutos, São Paulo lidera o número de denúncias com 5.442 (20,02%).
Os dados relacionados ao número de boletins de ocorrências no estado em que são registrados casos de violência contra idosos também reforçam essas estatísticas. Também nesta segunda, a Delegacia do Idoso divulgou um levantamento que indica um crescimento dos casos de violência.
Em todo o ano de 2014, 700 boletins de ocorrência foram registrados na Delegacia do Idoso do RN. Até maio deste ano, no entanto, já foram 375 boletins registrados, ou seja, mais da metade de todas as denúncias feitas nas delegacias em todo o ano passado.
No ranking nacional, a negligência ainda é a principal forma de violência cometida contra as pessoas idosas no Brasil. “Essa é a mais informada no Disque 100”, disse a coordenadora-geral do Conselho Nacional dos Direitos do Idoso, Ana Lúcia da Silva. Segundo Ana Lúcia, além das violações que ferem o Estatuto do Idoso, o conselho já se preocupa com a retirada de direitos já garantidos, como a diminuição da pena para violência contra idosos no projeto do novo Código Penal.
Ainda segundo dados do Disque 100, serviço de recebimento de denúncias contra violações de direitos humanos, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, em 2014, houve 27.178 denúncias de abusos contra a pessoa idosa. As mais recorrentes são de negligência, 20.741 denúncias (76,32%), violência psicológica, 14.788 (54,41%), abuso financeiro e econômico, 10.523 (38,72%), violência física, 7.417 (27,29%) e violência sexual, 201 denúncias (0,74%).
Entre as violências menos denunciadas estão a violência institucional, discriminação, outras violações ligadas a direitos humanos, trabalho escravo e torturas. O levantamento mostra ainda que 76,48% das violações denunciadas são cometidas nas casas das vítimas; e em 51,55% dos casos denunciados, os próprios filhos são os suspeitos das agressões.
Fortalecimento
Assim como o fortalecimento da rede de delegacias especializadas no atendimento ao idoso, Ana Lúcia defende a qualificação de todos os agentes públicos de segurança para atender a esse público. A coordenadora do conselho ressaltou ainda que o Ministério do Desenvolvimento Social tem um projeto para construção de centros de referência para idosos, mas que gestores municipais não têm interesse por causa do alto custo de manutenção.
“O custeio e despesas fixas são coisas que oneram o município. Então muitos prefeitos não se interessam em ter. Temos que buscar instrumentos que possam responsabilizar esses administradores”, disse.
Para Ana Lúcia, entretanto, o desafio de cuidar dos idosos não é só do Estado, mas de toda a sociedade civil. De acordo com ela, as pessoas precisam tomar consciência desse processo.
“As pessoas não estão se preparando psicologicamente para compreender e assumir o envelhecimento. Existe uma negação, as pessoas querem continuar jovens. Com isso, é muito mais difícil definirmos o perfil do que será o espaço mais adequado para que possamos ter essa convivência”, explicou, defendendo que ela seja sempre transversal e intergeracional.
Fonte: Portal no Ar
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